Para secretário Márcio Holland, alta da carne em setembro foi sazonal e consumidor pode substituí-la por outros alimentos mais baratos
Depois do tomate, a carne foi eleita agora a vilã da inflação. Com o índice oficial (IPCA) em 6,75% em 12 meses, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, recomendou ontem aos brasileiros que troquem a carne bovina por outros alimentos.
Escalado pelo governo para explicar a forte alta da inflação em setembro e neutralizar as críticas da oposição em período eleitoral, Holland sugeriu a troca da carne por ovos e aves, ambas com preços mais baixos.
“O brasileiro tem uma série de outros produtos substitutos para carne, como frangos e ovos, que vêm apresentando comportamento benigno este ano”, sugeriu. O período de entressafra da produção de carne, disse Holland, acabou elevando o preço. “É sazonal, tem substitutos. A população precisa ficar atenta.” O secretário afirmou que diversos outros itens do “dia a dia da mesa do consumidor brasileiro” tiveram queda significativa de preços, como tomate e feijão.
A elevação do preço da carne bateu firme no IPCA. O produto subiu 3,17% em setembro, tendo sido responsável pelo maior impacto no índice. Apesar do estouro do limite da meta de inflação de 6,5% ao ano, o secretário tentou mostrar certo otimismo e projetou IPCA em 6,2% no fim de dezembro.
Seca. Holland disse que a inflação de alimentos e bebidas, embora em trajetória de alta em setembro, está menos intensa que nos últimos anos. E ponderou que o País vive um regime de seca. “Esse regime de seca tem impacto também no custo da energia elétrica”, disse.
Para ele, o comportamento de alta dos preços monitorados mostra que não se sustenta a hipótese de represamento de preços. Economistas do mercado financeiro e o candidato da oposição à Presidência, Aécio Neves, têm apontado esse cenário.
Márcio Holland minimizou o impacto do estouro do teto da meta de inflação de 6,5% em setembro, às vésperas da votação em segundo turno. A meta, disse, é para o ano, e não para o mês. “A inflação independe de ciclos políticos”, afirmou.
Para o secretário, reduzir a inflação é um grande desafio, mas o fundamental é que o IPCA está dentro da meta há 11 anos. As “boas políticas” praticadas e intensificadas, disse, vão ajudar a reduzir a inflação. Entre elas, citou os programas de qualificação profissional, desonerações da folha de pagamentos das empresas e o programa de investimentos em infraestrutura.
O secretário também não vê com grande preocupação o impacto da alta recente do dólar na inflação. A transmissão do câmbio para a inflação doméstica é mais baixa hoje em relação ao que ocorria no passado, disse. Holland evitou, no entanto, responder pergunta se o IPCA mais alto tiraria espaço para um reajuste dos combustíveis ainda este ano.
ADRIANA FERNANDES, VICTOR MARTINS / BRASÍLIA – O ESTADO DE S.PAULO
A Proteína do ovo pode substituir a da carte -> MITO:
A gema oferece mais nutrientes do que a clara. VERDADE: “A gema concentra vitaminas A, D e E, que são facilmente absorvidas pelo organismo, além de lecitina, que controla os níveis de gordura e colesterol, e antioxidantes como luteína e zeaxantina”, diz a médica Anna Bordini. A clara, por sua vez, contém vitaminas do complexo B e minerais, como fósforo e selênio. No fim das contas, a conclusão é que as duas partes se complementam.
- Estudo mostrou que o consumo de um ovo inteiro no café da manhã pode ser eficiente para melhorar os níveis do HDL, o bom colesterol, na corrente sanguínea de pessoas com risco de doenças cardiovasculares
Ele já foi considerado vilão. Depois, a classe médica o absolveu de culpas infundadas. Estamos falando do ovo, um alimento barato e de fácil acesso que está presente na mesa da maioria das pessoas – se não na forma original, em preparações como bolos, tortas e pães. A rejeição que sofreu nas décadas de 1980 e 1990 – quando seu consumo foi relacionado ao possível desenvolvimento de doenças cardíacas – parece que ficou, definitivamente, para trás.
Estudo feito em 2012 pela Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, mostrou que o consumo de um ovo inteiro no café da manhã pode ser eficiente para melhorar os níveis do HDL, o bom colesterol, na corrente sanguínea de indivíduos com síndrome metabólica – isto é, que apresentam fatores de risco para doenças cardiovasculares (ataques cardíacos e derrames cerebrais) e diabetes. O HDL retira a gordura do sangue e a leva de volta ao fígado, evitando que se formem depósitos de gordura nos vasos.
Outra pesquisa, desta vez realizada pela Universidade de Missouri, também norte-americana, descobriu que garotas que ingeriam café da manhã altamente proteico, com 35 g de proteína de ovo e carne, tiveram a sensação de saciedade aumentada. As jovens também comeram menos lanches, especialmente os gordurosos, ao longo do dia.
A absolvição do ovo foi ainda atestada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos: segundo o órgão, o produto tem 185 mg de colesterol, em vez das 215 mg apontadas em estimativa anterior (portanto, 14% menos), com quantidade relativamente baixa de gordura saturada (que eleva o colesterol). Além disso, é uma ótima fonte de vitaminas A e do complexo B, carotenoides (que ajudam na prevenção de doenças degenerativas) e minerais como ferro, fósforo, selênio e zinco.
Conheça alguns mitos e verdades sobre ovo
A pressão arterial sobe se a pessoa come muito ovo. MITO: em estudos já publicados, ficou claro que o ovo tem ação anti-inflamatória e ajuda no emagrecimento, o que diminuiria a pressão. Cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, reforçam o argumento: o consumo pode estar relacionado com a redução da tensão sanguínea. A justificativa é que as proteínas do alimento são convertidas, por enzimas do estômago e dos intestinos, em peptídeos, elementos que baixam a pressão arterial. A cardiologista Rica Delmar Buchler concorda: “Não há nenhuma evidência, baseada em pesquisas, que faça um paralelo entre a ingestão de ovos e o aumento da pressão arterial” Leia maisAlessandro Shinoda/Folhapress
Ovo melhora o funcionamento do cérebro e ajuda quem tem males como Alzheimer e Parkinson. VERDADE: o alto teor de colina (nutriente essencial que faz parte do complexo B) e ômega 3 (ácido graxo) beneficia as funções cerebrais e previne distúrbios neurodegenerativos, atuando na construção da membrana de novas células e reparação das já lesadas. “Ele é rico em DHA, gordura boa que favorece a comunicação entre as células e o sistema nervoso. Contém zinco, selênio, ferro e fósforo, responsáveis pela interação celular e pelos impulsos elétricos no cérebro. As vitaminas do complexo B atuam regulando a troca de informações, sinapses, entre os neurônios”, ensina a médica Anna Bordini. E tem mais: nas grávidas, fornece colina suficiente para o desenvolvimento do cérebro do feto e, nas crianças em idade escolar, dá uma força no desempenho Leia mais Getty Images
Rosana Faria de Freitas
Do UOL, em São Paulo