Aumento da temperatura global, fome, distribuição de renda no campo, crescimento populacional, sustentabilidade. Os principais desafios mundiais da agricultura – que formam, juntos, uma “ameaça” à meta de segurança alimentar mundial – foram tema da conferência de abertura do 11ª Congresso Nacional de Pesquisa de Feijão, realizada nessa terça-feira (22/07), em Londrina (PR). A palestra foi ministrada por Wilson Hugo, da Divisão de Produção e Proteção Vegetal da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU).
Aumento da produção– Hugo explicou que a soma desses fatores, proporcionados por ocupações irregulares de solo, industrialização acelerada e concentrada em algumas partes do globo, impõe ao mundo a necessidade de aumentar a produção de alimentos de forma sustentável. Em países em desenvolvimento, afirma, “essa meta chega a 100%, enquanto nos considerados desenvolvidos o crescimento deve ser de aproximadamente 60%”.
População mundial– “Espera-se um aumento da população mundial em 30%, em cerca de 35 anos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, observa-se um crescimento de 100% na população. Éramos 3,1 bilhões, somos mais de 7 bilhões e passaremos a 9 bilhões em poucos anos”, resumiu o pesquisador.
Mudança climática– Outro fator confluente ao crescimento de população – e de demanda alimentar – é a mudança climática acelerada. Mesmo simples oscilações de temperatura, quando persistentes, podem prejudicar, em médio e longo prazo, o plantio das culturas. O aumento do preço dos alimentos – acentuado pela incerteza do mercado mundial pós-crise mundial de 2008 -, assim como a produção de biocombustíveis, considerados “rivais” dos produtos alimentícios na disputa por terras cultiváveis, também se tornaram preocupações dos tempos atuais.
Segurança alimentar– O grande desafio mundial, na opinião de Hugo, é garantir a segurança alimentar do planeta aliada à sustentabilidade, o que passa inclusive pela revisão de hábitos de consumo da população. Em todo o mundo, são produzidas mais de 23,7 milhões de toneladas de alimentos diariamente, das quais 19,5 são tubérculos, raízes, cereais, entre outros alimentos primários. Enquanto isso, produzem-se pouco mais de 1 milhão de toneladas de carne e gasta-se trilhões de toneladas em água, madeira e outras matérias-primas. A “concorrência” por terras agrícolas com os biocombustíveis, cada vez mais utilizados como alternativa aos combustíveis fósseis, considerados os principais poluentes mundiais, é outro impasse, na opinião do pesquisador.
Redução das desigualdades– Em busca desse objetivo, Hugo ressalta o papel da FAO na busca pela redução das desigualdades no campo e na cidade, erradicação da fome e a consolidação de uma produção sustentável. “Falar em mudanças na condução da agricultura implica em discutir desigualdade, fome, pobreza, consumo insustentável. Há 50 anos, houve um aumento de 200% na produção por conta da Revolução Verde (processo de modernização agrícola realizado pelo melhoramento de sementes, uso de insumos industriais, mecanização e redução de custos de manejo), mas hoje não podemos mais apostar nisso. Os desafios são outros, assim como o quadro mundial”.
Apoio – O evento, que acontece até esta quinta-feira (24/07), tem apoio do Londrina Convention & Visitors Bureau, Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fapeagro), Basf, Miac Máquinas Agrícolas, Selegrãos, Bayer, Syngenta e Laboratório Farroupilha.
(Imprensa Iapar)